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Eleições Presidenciais: quem são os candidatos ao Palácio de Belém?

Com as eleições a aproximarem-se, os portugueses têm sete candidatos em quem votar para os próximos quatro anos, entre os quais Marcelo Rebelo de Sousa, Marisa Matias e Vitorino Silva, já conhecidos por estas bandas. A decisão, marcada para dia 24 de janeiro, decide quem toma posse perante a Assembleia da República dia 9 março de 2021.

Fonte: Rádio Comercial

Ana Gomes - a candidata sem medo que abala o PS

Fonte: PÚBLICO

Ana Gomes nasceu a 9 de fevereiro de 1954. Por volta dos 14 anos, entrou no Movimento Associativo de Estudantes de Direito do Ensino Secundário de Lisboa. Durante os seus tempos de estudante, foi militante no Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP) onde se cruzou com Durão Barroso, Fernando Rosas, entre outros. Licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, ingressando na carreira política em 1980 desafiada por dois amigos que lhe reconheceram talento para ingressar na área. Serviu na Missão Permanente de Portugal nas Nações Unidas, em Genebra, entre 1986 e 1989. Uma década depois, coordenou a delegação portuguesa do Conselho de Segurança da ONU. Acumulou cargos na embaixada portuguesa em Tóquio, em Londres e em Jacarta, posição que ocupou até 2003.


Desde 18 de março de 2002 é militante do Partido Socialista (PS) e, em novembro desse ano, foi eleita membro da Comissão Nacional e Política do partido. Abandona a carreira diplomática um ano depois, integra o Secretariado Nacional do PS enquanto secretária nacional para as Relações Externas, sob a liderança de Ferro Rodrigues e é eleita, com o apoio do Partido Socialista, para as Europeias de 2004, 2009 e 2014. Além disso, foi membro do Parlamento Europeu, entre 2004 e 2019, e participou em várias missões enquanto eurodeputada, visitando países como Israel, Kosovo, Iraque, entre outros.


Assumindo sempre uma posição face a vários acontecimentos importantes, Ana Gomes foi uma voz ativa no processo dos submarinos, adquiridos por Paulo Portas, contratos de aquisição que afirmou estarem “eivados de fraude”. Tentou a abertura de um processo de instrução, mas sem sucesso. Também comentou o caso de Isabel dos Santos, que classificou como uma luta “contra a corrupção e lavagem de dinheiro”. Inclusive, pediu à Comissão Europeia que verificasse a legalidade da compra da EFACEC por parte de Isabel dos Santos, e se o Banco de Portugal estava a cumprir a lei que obriga a estabelecer fundos de Pessoas Politicamente Expostas que tenham negócios em território português. Ligado ao “Luanda Leaks” esteve o caso do hacker Rui Pinto, que divulgou informações sobre os negócios de Isabel dos Santos, com a candidata a defender o hacker várias vezes na praça pública, o que culminou na sua visita à prisão.

Fonte: Ana Gomes

O PS decidiu que a orientação para as eleições presidenciais será a liberdade de voto, sem indicação de um candidato preferencial. Ana Gomes recolheu apoio de figuras socialistas como Manuel Alegre, o antigo eurodeputado Francisco Assis, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, e o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro. Numa entrevista à “RTP”, primeira depois de apresentada a sua candidatura, afirmou querer “ser a candidata dos ciganos, dos africanos, das pessoas de pele de qualquer cor, dos gays, das minorias, quero ser a candidata desses todos”.


Criticada muitas vezes devido a um alegado populismo, Ana Gomes desvalorizou as críticas, dizendo que é uma pessoa que “acredita nas instituições democráticas” e que as quer salvar. “Os populistas, e sobretudo os de extrema-direita, são inimigos da democracia, são inimigos do 25 de Abril, querem destruir as instituições democráticas, eu quero salvá-las.”


Candidatou-se a 10 de setembro e conta com o apoio dos partidos PAN e Livre.


André Ventura - candidatura "para enfrentar o regime"

Fonte: TVI24

Nasceu a 15 de janeiro de 1983, na freguesia de Algueirão, concelho de Sintra. É licenciado em Direito, grau que obteve na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e doutorado em Direito Público pela University College Cork, na Irlanda, no ano de 2013. Na defesa de sua tese de doutoramento, André Ventura criticou o “populismo penal” e a “estigmatização de minorias”


Foi professor na Universidade Autónoma de Lisboa entre 2013 e 2019 e professor convidado na Universidade Nova de Lisboa, de 2016 até 2018. A partir de 2014, tornou-se comentador desportivo na "CMTV", defendo as cores do Sport Lisboa e Benfica.


A sua ligação à Política começa em 2001, quando se torna militante do Partido Social Democrata (PSD). Em abril de 2017, foi a escolha do PSD para ser o candidato do partido à Câmara Municipal de Loures, nas Eleições Autárquicas desse mesmo ano.


Numa entrevista ao jornal “i”, publicada no dia 17 de julho de 2017, André Ventura proferiu algumas palavras sobre a comunidade cigana de Loures, dizendo que estes grupos “vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado” e que acham que estão “acima das regras do Estado de Direito”. Estas declarações levaram a imensas críticas dentro e fora do PSD, levando José Pinto Coelho, do Partido Nacional Republicano (PNR) a dizer que “ao que parece, alguns dos “meus” ainda andam pelos partidos do sistema”, insinuando as ligações de Ventura com as ideologias da Extrema-Direita.


Em outubro de 2017, Ventura disse “estar preparado” para disputar a liderança do PSD, caso ninguém avançasse contra Rui Rio. Em 2018, abandona o PSD e no dia 9 de abril de 2019 funda o partido político CHEGA!, partido focado em ideologias de direita, e muitas vezes associado à direita radical. Nas Eleições Parlamentares Europeias de 2019, não conseguiu eleger nenhum deputado, tendo concorrido juntamente com a Coligação Basta!.


Já nas Eleições Legislativas Portuguesas desse mesmo ano, André Ventura concorreu como cabeça-de-lista pelo círculo eleitoral de Lisboa e acabou por ser eleito deputado para a Assembleia da República, tendo o CHEGA conquistado 1,29% dos votos totais. Como deputado, tem continuado com o seu discurso, sendo muitas vezes acusado pelos seus opositores como “racista”, “fascista” e “populista”. Ventura defende-se destas acusações, afirmando sempre que não é racista e que “Portugal não é um país racista”.


No dia 8 de fevereiro de 2020, anuncia a sua candidatura à Presidência da República, nas Eleições Presidenciais de 2021, em Portalegre. Um dos fortes apoios internacionais da sua campanha vem do partido francês Rassemblement National, liderado por Marine Le Pen.


Em maio de 2020, e após uma troca de palavras via Twitter com o futebolista Ricardo Quaresma, de etnia cigana, Ventura refere que devia existir um “plano de confinamento específico para a comunidade cigana”, o que o levou a ser dispensado como comentador na "CMTV". Quaresma, afirmou que o discurso de André Ventura é de ”populismo racista” e tóxico para a união entre todos os Portugueses.


Apesar das constantes críticas de que é alvo, segundo as mais recentes sondagens, André Ventura pode alcançar entre 8 e 10% dos votos nas Eleições Presidenciais, dados que demonstram o crescimento do CHEGA no último ano, apesar das constantes críticas de que é alvo.


João Ferreira - o candidato comunista


João Manuel Peixoto Ferreira nasceu a 20 de novembro de 1978 e aos 42 anos apresenta já um vasto currículo na vida política. Inscreveu-se na Juventude Comunista quando tinha apenas 16 anos e desde cedo começou a ser uma figura de relevo dentro do Partido Comunista Português (PCP).

Foto: Tiago Miranda/Expresso

Licenciado em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, o candidato comunista às Presidenciais de 2021 é técnico superior da Associação Intermunicipal de Água da Região de Setúbal desde 2009. Para além disso, foi também diretor da revista “Portugal e a UE” e assinou o livro “A União Europeia não é a Europa”. João Ferreira foi ainda presidente da direção da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica, membro do Senado da Universidade de Lisboa e membro da direção da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa.


A sua carreira política começou em 2000, quando se tornou membro da Assembleia da Ameixoeira, em Lisboa. Entretanto, tornou-se Eurodeputado pelo PCP, função que desempenha desde 2009, tendo sido cabeça-de-lista nas duas últimas eleições Europeias, em 2014 e 2019. Em Bruxelas, João Ferreira é vice-presidente do Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica (GUE/NGL) do Parlamento Europeu.


Atualmente, o agora candidato à Presidência da Républica é ainda Vereador na Câmara de Lisboa desde 2013 – foi cabeça-de-lista nas duas últimas Autárquicas, em 2013 e 2017 -, é membro do Comité Central do PCP, da direção da Organização Regional de Lisboa do PCP e da direção do Sector Intelectual de Lisboa do PCP


João Ferreira sucede assim a Edgar Silva, candidato apoiado pelo PCP em 2016, que se ficou pelo quinto lugar, com apenas 183 mil votos, naquele que foi o pior resultado do partido em eleições Presidenciais. Na apresentação da sua candidatura a Belém, afirmou ser “candidato a Presidente da República” e não um “candidato a percentagens eleitorais”, mas um dos seus objetivos passa certamente por melhorar o resultado do partido face a 2016. “Espero que o resultado seja o melhor possível”, afirmou apenas. Por enquanto, as sondagens mantêm em aberto a possibilidade de ficar à frente de Marisa Matias do Bloco de Esquerda, mas longe do terceiro lugar de André Ventura.

Nessa mesma intervenção, o candidato comunista salientou os problemas estruturais que o país enfrenta e que se arrastam há vários anos e governos, como as desigualdades e o desinvestimento nas funções sociais do Estado, os desequilíbrios territoriais e a submissão às políticas e decisões da União Europeia, responsabilidades que atribui ao Partido Socialista e aos governos de Direita.


O discurso de apresentação da candidatura teve ainda tempo para o destaque às habituais bandeiras do partido, desde os direitos laborais, ao investimento na produção nacional, bem como questões relacionadas com a coesão territorial, saúde e habitação. João Ferreira apelou também ao voto de todos, “independentemente das escolhas eleitorais que fizeram no passado”, jura defender ao máximo a Constituição daqueles que a ameaçam e diz encarnar os valores de Abril.


Essa mensagem voltaria a ser transmitida no momento da formalização da candidatura junto do Tribunal Constitucional, onde disse que direitos como o direito ao trabalho, “à saúde, à educação, à cultura, à habitação, a um ambiente ecologicamente equilibrado” estão “nas páginas da Constituição, na sua letra e no seu espírito, mas que não são ainda uma realidade na vida do país, na vida de todos os portugueses”. Para o candidato comunista, uma das funções do Presidente é fazer respeitar o texto constitucional.

Fonte: José Sena Goulão/Lusa

No momento de avaliar a prestação do atual Presidente da Républica, João Ferreira acusou Marcelo Rebelo de Sousa de estar empenhado no “branqueamento da política de direita” e na reabilitação da “política de bloco central”, assim como de estar comprometido com os “interesses dos grandes grupos económicos e financeiros que têm determinado o rumo do país” em vez de estar comprometido com os “interesses do povo”, isto é, “dos trabalhadores, das mulheres, dos jovens, dos reformados e idosos, das pessoas com deficiência, dos discriminados, dos desprotegidos, dos pequenos e médios empresários, dos pequenos produtores”.


Apesar de afirmar que o chefe de Estado “não é Governo”, defende que este “não se pode resignar perante o país”. Isto significa que “pode e deve” fazer uso dos poderes à sua disposição para ser o catalisador de “um sentido de mudança” e soluções para o país. João Ferreira defende ainda que o cargo “exige uma genuína ligação à vida, e não uma falsa empatia que se esboroa quando os assuntos são tão sérios”, numa clara alusão ao estatuto de Marcelo como “Presidente dos afetos”.


João Ferreira apresentou a candidatura à Presidência da República a 17 de setembro e conta com o apoio da CDU, a coligação composta pelo PCP e pelo Partido Ecológico “Os Verdes”. O atual eurodeputado planeia gastar à volta de 450 mil euros durante a campanha, o valor mais elevado entre os todos os candidatos. Um dos principais rostos do partido, o seu resultado vai também ser analisado à luz da sua capacidade para suceder a Jerónimo de Sousa na liderança do Partido Comunista.


Marcelo Rebelo de Sousa - o presidente do povo


Marcelo Rebelo de Sousa nasceu a 12 de fevereiro de 1948. Cresceu em Lisboa e foi um aluno brilhante, concluindo os estudos no Liceu Pedro Nunes, em 1966, com média de 19 valores, a mesma classificação com que se licenciou em Direito em 1971, pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Terminou o mestrado um ano depois e, mais tarde, o doutoramento em Ciências Jurídico-Políticas, em 1984, com uma tese intitulada “Os partidos políticos no direito constitucional Português”. Dedicou toda a sua vida ao ensino, jornalismo e ao comentário político.

Fonte: LUSA

No âmbito da carreira como professor, ascendeu em 1990 a professor catedrático do Grupo de Ciências Jurídico-Políticas da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Também foi professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa e professor catedrático convidado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas daquela universidade – pertencendo, ainda hoje, à Sociedade Científica. Ainda na Faculdade onde se licenciou, acumulou cargos como Presidente do Conselho Diretivo ou Presidente do Instituto Jurídico-Políticas.


No campo do jornalismo, Marcelo Rebelo de Sousa esteve sempre ligado ao semanário Expresso, sendo jornalista e acionista minoritário da Sojornal, sua editora. É nesta editora que Marcelo viria a ser administrador e administrador-delegado. Já no Expresso, foi redator e editor na área da política e sociedade. Também dirigiu o Semanário, jornal de que foi acionista fundador, juntamente com Daniel Proença de Carvalho, José Miguel Júdice, entre outros.


A partir dos anos 90, ganha notoriedade no comentário político, primeiro na rádio TSF e depois na televisão, no Jornal Nacional da TVI, a partir de 2000. Em 2004 Marcelo sai da TVI, na sequência de alegadas pressões por parte de Miguel Paes do Amaral, devido às críticas ao governo de Pedro Santana Lopes. Um ano depois prossegue com os seus comentários na RTP num programa intitulado “As escolhas de Marcelo Rebelo de Sousa”


Desde jovem que Marcelo Rebelo de Sousa foi dirigente associativo, nomeadamente na formação de jovens da Ação Católica Portuguesa, sendo que ainda hoje é membro de inúmeras instituições de solidariedade. Marcelo aderiu ao Partido Social Democrata após a sua fundação, em maio de 1974, tendo sido o primeiro presidente eleito da Comissão Política Distrital de Lisboa. Passado um ano, foi eleito deputado da Assembleia Constituinte, participando em trabalhos relacionados com a Constituição de 1976, ainda hoje em vigor. Em 1990 encabeçou a candidatura do PSD à Câmara Municipal de Lisboa, derrotado por Jorge Sampaio que se candidatava com apoio do Partido Socialista, Partido Comunista e “Os Verdes”.

Fonte: Luís Claro

Depois do governo de Cavaco Silva e demissão do seu sucessor, Marcelo foi eleito presidente do PSD, entre 1996 e 1999. Durante o seu governo, viabilizou três Orçamentos de Estado do governo de António Guterres e reatou as ligações entre o PSD e o PCP, cortadas há cerca de 20 anos.


A 9 de outubro de 2015 anuncia em Celorico de Basto, a sua candidatura às eleições presidenciais portuguesas de 2016. A 28 de dezembro de 2015 inaugura a sua sede de campanha em Belém. Afirmou que não iam existir cartazes na sua campanha eleitoral devido à sua influência e fama que tinha ganho enquanto comentador político em diversos meios. Foi eleito presidente à primeira volta a 24 de janeiro de 2016 com 52% de votos, derrotando, entre outros candidatos, António Sampaio da Nóvoa, Marisa Matias e Vitorino Silva.


Atualmente, Marcelo Rebelo de Sousa defende que sempre tentou fazer o melhor que sabia e podia, a pensar no interesse público e não pessoal. Depois de um primeiro mandato, apresentou a recandidatura para um possível segundo mandato. "Não vou fugir às minhas responsabilidades, não vou trocar o que todos sabemos virem ser as adversidades e as impopularidades de amanhã pelo comodismo pessoal ou familiar de hoje. Porque, tal como há cinco anos, cumpro um dever de consciência"


Marisa Matias - dar voz à gente sem medo


Marisa Matias nasceu a 20 de fevereiro de 1976. Fez todo o seu percurso académico em Sociologia na Universidade de Coimbra, desde a licenciatura até ao doutoramento em Sociologia com a tese: “A natureza farta de nós? Saúde, ambiente e novas formas de cidadania”. Além disso, publicou vários artigos científicos, assinou capítulos de livros sobre relações entre o ambiente e a saúde pública, entre outros. Realizou ainda investigações científicas nas áreas da saúde ambiental ou sociologia da saúde.

Fonte: Observador

Em 2009, foi eleita deputada do Parlamento Europeu com o apoio do Bloco de Esquerda (BE). Durante essa legislatura fez parte da Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia (ITRE), da qual foi coordenadora, da Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar (ENVI), até junho de 2012, e da Comissão de Assuntos Económicos e Monetários (ECON), a partir de junho de 2012.


Foi também relatora da estratégia europeia de combate ao Alzheimer e a outras demências no mesmo âmbito, que viria a ser aprovada em 2011. Integrou o grupo de trabalho europeu para a Diabates, criando a primeira resolução alguma vez aprovada no Parlamento Europeu, tendo em vista a definição de linhas políticas estratégicas de combate às diabetes. Também em 2011, foi eleita como Deputada do ano na área da saúde, tendo sido a única deputada do Grupo Parlamentar da Esquerda Unitária a receber este prémio desde a sua criação.


Passado 3 anos, encabeçou a lista do BE para as eleições europeias, tendo sido reeleita deputada do Parlamento Europeu. O anúncio da candidatura às presidenciais de 2016 foi feito a 7 de novembro de 2015, em Lisboa, recolhendo mais de 12 mil assinaturas. Ficou em terceiro lugar nas eleições, conquistando 10% dos votos, sendo a mulher mais votada de sempre em eleições presidenciais, superando o resultado de Maria de Lurdes Pintasilgo, em 1986.


Numa entrevista à “SIC”, Marisa Matias teceu algumas considerações sobre Marcelo Rebelo de Sousa. “Marcelo quer um regime político assente em mais do mesmo, eu quero um regime que responda à pandemia social e acabe com os privilégios; ele aceitou um regime financeiro que se foi esvaindo em privatizações e negócios, eu quero uma banca pública de confiança; ele quer um sistema de saúde concedido em parte a hospitais privados, eu quero um Serviço Nacional de Saúde de qualidade para todos.”

Foto: LUSA

Noutra entrevista, agora à “Lusa”, Marisa considera “lamentável” que num país com maioria centro-esquerda, esta “não se faça representar” nas eleições para Belém, acusando o PS de se ter “demitido” deste combate. “Seria lamentável que um país que tem ainda uma maioria – e espero que ainda por mais tempo – de centro- -esquerda na Assembleia da República, não se faça representar devidamente nas eleições presidenciais”. No que toca à atualidade, avisa que o país está a viver “um momento muito complicado”, pelo que “faz falta essa resposta de esquerda à crise, também neste espaço, que é o espaço para a Presidência da República”. Acrescentou ainda a importância de uma candidatura com um “programa claro e um programa de esquerda na defesa dos serviços públicos”. Marisa Matias refere que isso não a impediu de “refletir muito sobre a sua candidatura”, mas sem “hesitação”. No que concerne à política, a candidata afirma que se tornou mais exigente devido à crise. “Os momentos são difíceis, mas isso não significa que deixou de haver espaço para o debate político, pelo contrário, é mais exigente, mas é necessário e tão necessário como antes.”


Anunciou a sua candidatura a 9 de setembro de 2020 e conta com o apoio do seu partido, o BE.


Tiago Mayan Gonçalves - o candidato genuinamente liberal

Foto: Iniciativa Liberal

O candidato menos conhecido pela generalidade dos portugueses, Tiago Pedro de Sousa Mayan Gonçalves, nascido a 5 de março de 1977, está ainda a dar os primeiros passos na carreira política, mas vai já a votos como o primeiro candidato a Presidente da República apoiado pela Iniciativa Liberal (IL), um partido fundado há poucos anos, mas já com assento parlamentar.


Natural do Porto e Licenciado em Direito pela Universidade Católica Portuguesa do Porto, o advogado foi um dos membros fundadores do partido liderado por João Cotrim Figueiredo e, até recentemente, o Presidente do Conselho de Jurisdição da IL.


Ainda sem ocupar qualquer cargo político com visibilidade pública, o partido salienta o seu “longo percurso de serviço associativo e voluntário”, onde se destaca o seu trabalho na Elsa (The European Law Students Association) e na Refood. O candidato liberal foi, no passado, militante do Partido Social Democrata (PSD) e integrou a campanha de Rui Moreira para a Câmara do Porto. Atualmente, é membro suplente da Assembleia da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde pelo movimento “Porto, o Nosso Partido” do atual presidente da Câmara do Porto.


Como tem sido apanágio da Iniciativa Liberal, o anúncio da candidatura de Tiago Mayan Gonçalves surgiu através de uma publicação nas redes sociais. No vídeo de apresentação, o candidato apresenta-se como o “primeiro candidato genuinamente liberal”, que pretende ocupar o espaço deixado em aberto pelo fosso ideológico entre as candidaturas de Marcelo Rebelo de Sousa e André Ventura.

O candidato de 43 anos acredita ter a capacidade para acolher não só o voto dos eleitores liberais, mas também daqueles que não se revêm “num Presidente que deixou de o ser” ou em candidatos “populistas de esquerda e de direita”. Coloca-se também ao lado do cidadão e diz-se “farto da bolha em que o sistema político vive, alheado da vida dos portugueses”.


“Descomprometido” de interesses e livre de compadrios, Tiago Mayan Gonçalves garante não estar “envolvido em teias de interesses, de cumplicidades e de conveniências, dos séquitos e das elites do Terreiro do Paço”. Fiel ao pilares da IL, afirma que esta é uma candidatura “contra uma sociedade dependente do Estado, contra o marasmo e estagnação, a corrupção, o nepotismo, o compadrio, as portas giratórias, as teias de interesses, o populismo e a governamentalização da Justiça”.


O candidato liberal promete não ser submisso a qualquer Executivo e acusa o atual Governo Socialista de atacar direitos e liberdades individuais, bem como de perpetuar a estagnação do país. “Um candidato em que o eleitorado moderado e liberal poderá votar”, o advogado do Porto promete “dizer a verdade” e não dividir a sociedade portuguesa em grupos artificiais ou explorar ressentimentos.

Foto: Observador

Por fim, sublinha que não vai adaptar a sua intervenção “em função de conveniências pessoais“, nem se vai remeter “a uma posição de impotência perante desvios éticos noutros órgãos de soberania”


Tiago Mayan Gonçalves anunciou a candidatura a Belém a 25 de julho e conta com o apoio do partido que ajudou a fundar. A sua campanha planeia gastar pouco mais de 38 mil euros. Apenas Marcelo Rebelo de Sousa e Vitorino Silva vão gastar menos.


Vitorino Silva - o candidato do povo e da Póvoa

Fonte: SÁBADO

Mais conhecido como “Tino de Rans”, Vitorino Silva nasceu na freguesia de Rans, concelho de Penafiel, no dia 19 de abril de 1971. Calceteiro de profissão, é um amante confesso do que faz e continua, até aos dias de hoje, a exercer essa função na Câmara Municipal do Porto. Foi em 1993, na sua terra natal, onde começou a dar os primeiros passos na política, quando foi eleito Presidente da Junta de Freguesia de Rans, aos 22 anos de idade, concorrendo pela lista do Partido Socialista (PS). Foi reeleito Presidente da Junta de Freguesia de Rans nas Eleições Autárquicas de 1997.


Em fevereiro de 1999, Vitorino Silva discursou durante o 11º Congresso do Partido Socialista e ficou conhecido a nível nacional. No seu tom caracteristicamente popular, simpático e brincalhão, conquistou toda a plateia presente no Congresso e terminou o seu discurso a abraçar António Guterres, que, na altura, era Primeiro-Ministro do Estado Português. Esse momento entre “Tino de Rans”, como veio a ficar conhecido a nível nacional, e o atual Secretário-geral das Nações Unidas trouxe mediatismo imediato a Vitorino Silva.


A “Tinomania” culminou em 2001, com o lançamento do seu primeiro disco. Nos anos seguintes, contou com presenças constantes em programas de entretenimento da SIC e da TVI. Em 2009, desfiliou-se do Partido Socialista e concorreu à Presidência da Câmara Municipal de Valongo, como independente. A lista obteve 4,96%, o que não permitiu que fosse eleito como vereador da Câmara.


A 23 de dezembro de 2015, Vitorino Silva formalizou a sua candidatura à Presidência da República. Para surpresa de muitos, conseguiu cerca de 152 mil votos (3,28% dos votos totais). Em 2017, Vitorino voltou a concorrer nas Eleições Autárquicas, desta feita à Câmara Municipal de Penafiel, pelo movimento “Penafiel é Top”, conseguindo 6,22% dos votos. Em 2019, é fundado o partido RIR – Reagir, Incluir, Reciclar. O novo partido participou nas Eleições Legislativas de 2019, ficando pelos 0,67% dos votos, não conseguindo assim eleger um deputado para a Assembleia da República.


Em setembro de 2020, anuncia que vai avançar com uma nova candidatura às Eleições Presidenciais de 2021. Com o objetivo principal de chegar a uma possível segunda volta, Vitorino Silva afirmou no lançamento da sua candidatura que “uma vitória é ter mais um voto e eu quero conquistar esse mais um”. Acredita que a sua candidatura “é muito forte, feita de gente simples onde a qualidade impera”. Em declarações à agência Lusa, Vitorino Silva salienta que quer um país que “tenha Norte, que tenha tino”, reforçando a ideia de um país centralista onde ainda se “querem calar as vozes do Porto”.


Num misto de frustração, Vitorino Silva ficou de fora dos 15 debates com os seis candidatos presidenciais transmitidos nas três televisões generalistas e respetivos canais noticiosos. A RTP voltou atrás com a sua decisão e foi a única dos três canais principais que alterou a sua grelha de debates. Num dos momentos virais dos debates televisivos, Tino de Rans usou o amor pela sua “arte” para esclarecer o candidato André Ventura, líder do partido CHEGA. Com a sua simplicidade do costume, Vitorino Silva mostrou algumas pedras encontrou na praia de Peniche, afirmando que na praia viu ”pedras de todas as cores, uma cor-de-rosa, outra laranja, outra preta, outra branca. As pessoas de todas as cores vêm do mar, sem muros.”.


Um momento singular que, em tom metafórico, incorpora os dois “Pês” mais importantes da sua vida profissional: Pedras e Política.


As sondagens que, ao mesmo tempo, dizem tudo e não dizem nada


Imagem: Miguel Marques Ribeiro / Dados: Pitagórica

De acordo com os dados da mais recente sondagem da Pitagórica, Marcelo Rebelo de Sousa, o atual Presidente da República, vai ser reeleito à primeira volta para um segundo mandato no Palácio de Belém. Com 67,4% das intenções de voto, o candidato apoiado pelo Partido Social Democrata e pelo CDS vai ficar aquém dos 70% conseguidos por Mário Soares, em 1991.


Ainda segundo este estudo, verifica-se nesta altura um empate entre Ana Gomes e André Ventura. A socialista, que conta com o apoio de algumas figuras do Partido Socialista, do PAN e do Livre, e o líder do CHEGA! prometem assim uma batalha intensa pelo segundo lugar. Em relações a sondagens anterior, Ana Gomes revela uma tendência de queda face à subida de André Ventura.


Marisa Matias, apoiada pelo Bloco de Esquerda, surge na quarta posição com 4,3% das intenções de voto, seguido de João Ferreira, apoiado pelo Partido Comunista Português, ou seja, houve uma inversão da posição destes dois candidatos em relação ao estudo anterior da Pitagórica. Por fim, surgem Tiago Mayan Gonçalves, da Iniciativa Liberal, com 2,1% das intenções de voto, e Vitorino Silva, com um resultado residual.

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