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  • Foto do escritorMiguel Freitas

eSports: um modo de vida ou um passatempo?

Com as mais recentes tecnologias e as mais diversas evoluções, os eSports têm ganho uma posição considerável, com o aumento de jogadores todos os anos. Em Portugal, é um fenómeno recente, com a Moche XL eSports a decorrer na Altice Arena ou com a RTP a apostar em plataformas como a Twitch, onde se transmite conteúdo maioritariamente gaming. Cláudio “Guerreiro” Nunes, Kevin “Hackali” Daniel e Pedro “Plasma Lemon” Ribeiro são algumas das pessoas que estão inseridas nesse meio, que já conta com mais de 10 mil profissionais.


Fonte: Sapo

"Eu nunca pensei seguir uma carreira ligada aos videojogos"


Desde o League of Legends (LoL), passando pelo Counter Strike Global Offensive (CS:GO) ou pelo FIFA, os eSports têm cada vez mais profissionais que fazem dos jogos a sua vida. Jogadores, casters, gestor de redes sociais ou apresentadores de eventos, muitas são as pessoas que estão envolvidas para o funcionamento de um espetáculo através de uma tela. Como a maioria dos jogadores, os videojogos foram uma paixão precoce na sua vida, em que nenhum deles imaginava que matar personagens online ou marcar golos ia ser o seu full-time job.

Fonte: Liga Portuguesa de League of Legends

Kevin “Hackali” Daniel conta que o seu interesse pelos eSports surgiu por volta dos 14 anos, porque via o jogo como uma distração e refúgio, que o ajudou a passar por fases difíceis na sua vida. Com o passar do tempo, “Hackali” viu que já tinha investido tanto tempo e dedicação ao LoL, que acabou por começar a jogar profissionalmente, o que lhe permitiu subir no ranking de jogadores em Portugal. Apesar de só ter competido durante 5 a 6 anos, continua interligado aos eSports , agora como comentador da Liga Portuguesa de LoL, porque acredita que é uma área em que é viável fazer a sua vida normal.

Fonte: Liga Portuguesa de League of Legends

Pedro “Plasma Lemon” Ribeiro diz que o seu interesse surgiu por volta dos 16 anos, na altura em que atingiu um nível muito alto no LoL, que permitiu que entrasse para o cenário competitivo. Aliado a isso, o desenvolvimento dos eSports a nível mundial fez com que quisesse seguir o mesmo estilo de vida de alguns jogadores profissionais, onde os jogos eram a principal preocupação.

Fonte: Liga Portuguesa de League of Legends

Passando dos jogadores para o caster, Cláudio “Guerreiro” Nunes conta que desde cedo que percebeu que os videojogos eram algo importante para si, até que em 2015 surgiu a oportunidade de ingressar por esse meio, independentemente se fosse de maneira profissional ou amadora. Depois de alguns altos e baixos dentro do meio, consolidou-se como caster da Liga Portuguesa de League of Legends (LPLOL), contando com presenças em relatos de jogos de CS:GO e em apresentação de eventos nos mais diversos pavilhões de todo o país.


Ao início, as horas investidas no jogo foram mal vistas pela minha família"


Com a dependência que os jogadores criam com os videojogos, existe sempre os lados positivos e os lados negativos. Tendo em conta que essa dependência é criada desde muito cedo, muitos são os jogadores que não conseguem conciliar o período escolar, com o tempo que passam em frente ao monitor, o que faz com que estes optem por fazer uma escolha.


“Hackali” teve algumas dificuldades, dado que um dos problemas foi estabelecer um balanço com a vida escolar, porque chegava a jogar muitas horas e começava a deixar de ser saudável. Ao longo do tempo foi aprendendo a estabelecer um balanço, sendo que esse balanço é necessário, para não criar problemas de saúde graves. Outro dos problemas passa também por comunicar essa decisão aos pais e “Hackali” diz que “a minha mãe notou rapidamente que tinha interesse nos eSports, mas numa primeira instância, reagiu negativamente. No entanto, percebeu que, a partir dos eSports pode-se fazer uma vida confortável dada a dimensão do mesmo.”



“Plasma Lemon” também sofreu das mesmas dificuldades de “Hackali”, pois preferia ficar a jogar em vez de aprofundar os seus conhecimentos na escola. Ao estar na universidade, é difícil conciliar treinos, jogos e torneios que exigiam deslocação, o que fez com que congelasse a sua matrícula. No seu caso, os pais também reagiram negativamente, uma vez que a sua primeira proposta era para jogar fora de Portugal. Com o passar do tempo, começaram a ser os seus maiores fãs e, de momento, vêem os eSports com bons olhos.


Apesar de existirem poucos casos como este, “Guerreiro” conta que os videojogos não interferiram muito com a sua vida escolar, mas tiveram um impacto muito grande com a sua vida pessoal. Numa primeira abordagem, conta que os familiares ficaram apreensivos face a seguir o rumo de estar dentro dos eSports, mas que sempre o apoiaram incondicionalmente, apesar de todos os riscos que envolvem este tipo de atividade.


"Considerava-me uma pessoa com ansiedade social bastante elevada"


No entanto, os videojogos podem ajudar nas relações interpessoais, ao ajudar a ultrapassar problemas ou a criar novas amizades. Sendo os videojogos uma escapatória para muitas pessoas, estes assumem um papel preponderante na vida das mesmas.


“Considerava-me uma pessoa com ansiedade social bastante elevada, era uma pessoa bastante isolada na minha adolescência e os eSports fizeram com que, ao estar no computador a jogar parece que estás de certa forma a isolar-te, mas pelo contrário, foi a área em que tive mais relações com pessoas e que fez com que ficasse mais à vontade ao longo do tempo. Foi uma fase em que eu jogava em casa, conversava com pessoal que conhecia nos eSports e que depois nos conhecíamos em eventos presenciais que fazia com que melhorasse a minha interacção social, tornando-se num auxílio gigante para mim em matéria de relacionamento interpessoal, a nível de ansiedade social e cada vez mais me sinto mais à vontade com as pessoas por causa dos jogos”, explica “Hackali” , reforçando a ideia de que os videojogos podem ser benéficos para a saúde.


Também “Plasma Lemon” partilha da opinião de “Hackali”, na medida em que afirma que os eSports ajudaram a melhorar a sua convivência com as pessoas. Diz também que ao estar a conviver com um determinado grupo de pessoas, esse grupo o vai influenciar com as suas maneiras de ser e de pensar.


Sendo os eSports uma plataforma ampla que abrange todo o tipo de pessoas de diferentes países/regiões/continentes, “Guerreiro” afirma que estes ajudam a fazer amigos de todas as partes do Mundo, ou até mesmo aproximar de pessoas da própria família que tenham o mesmo gosto por jogos que tu. “O facto de eu ter começado a jogar desde muito cedo, permitiu ter amizades que de outra forma nunca teria e hoje em dia têm um papel muito importante na minha vida”, acrescentou.


"A perceção que os mídia têm dos jogos tem de ser mudada"


Apesar de ser algo recente em Portugal, os eSports, um pouco por todo o mundo, já começam a ser algo que as pessoas olham com outros olhos e que já começam a levar a sério. Com a recente evolução em Portugal, os investimentos já começam a aparecer para mais equipas/jogadores, pois, até agora, apenas uma pequena minoria conseguia fazer dos eSports um trabalho a tempo inteiro, fruto de pouco investimento e de alguma opinião generalizada sobre o efeito negativo do gaming na vida das pessoas.


Com as opiniões a divergir sobre o mesmo assunto, “Hackali” diz que é apenas uma questão de tempo para os investidores começarem a aparecer e quando as marcas superiores começarem a investir, vai ajudar ao crescimento. Exemplo disso é a Worten e a Sport TV Gaming, marcas que, com o seu envolvimento, ajudam a aumentar a visibilidade, o que vai levar a que o investimento neste tipo de atividade, com o passar do tempo, seja algo normal.


Outro dos problemas que dificulta a aceitação do gaming por parte da sociedade, surge precisamente da opinião dela mesmo. “As pessoas têm uma mentalidade que os jogos são um vício, que podem causar atitudes violentas e eu acho que os videojogos não se relacionam com esse tipo de atitudes, muito pelo contrário, promovem boas atitudes onde se criam grandes amizades. Além disso, a perceção que os mídia têm dos videojogos tem de ser mudada”, explica “Plasma Lemon”, contrariando a opinião geral da sociedade.


Com o gaming a ser sublinhado com uma conotação negativa por causa de uma opinião geral da sociedade de que esta atividade faz com que as pessoas se tornem violentas, o gaming ainda tem de mostrar à sociedade que essa opinião é errada. “Tudo o que é em demasia é prejudicial. Tem de haver moderação no que toca aos videojogos. Há pessoas que colocam os videojogos à frente de tudo e depois acaba por não correr bem, porque se não ganhares dinheiro com os jogos, não consegues sobreviver”, confessa “Guerreiro”. Além disso, explica que “Portugal é um país muito resistente à mudança. E quando aparece uma coisa nova, como carreiras em videojogos, é visto muito de lado. Não conseguem ver o paralelismo que existe com muitas coisas do seu próprio dia-a-dia. E em Portugal não existe muito a cultura de adepto, porque, por exemplo, alguém que veja a LPLOL, vê por causa do jogo em si, e não por apoiar uma determinada equipa. Se se desenvolver esta cultura, irá ajudar a desenvolver o próprio jogo.”

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